A história do empreendedorismo feminino é marcada por uma luta contínua por espaço e reconhecimento no mundo dos negócios. E para entender como os avanços aconteceram, nos últimos anos, precisamos entender o contexto que permitiu essas mudanças.
A inserção das mulheres no mercado de trabalho no Brasil, ocorreu após os anos 1970, acompanhada pelo fortalecimento de movimentos sindicais e feministas. Com o desenvolvimento de métodos contraceptivos, o uso do anticoncepcional permitiu que as mulheres passassem a ter mais controle sobre seus corpos. Elas passaram a decidir quantos filhos queriam ter e quando tê-los. Poderiam enfim, conciliar a vida profissional com a familiar.
Com várias iniciativas voltadas ao fortalecimento do empreendedorismo feminino, ao final dos anos 80, mais de 1/3 da população economicamente ativa no Brasil, já era composta por mulheres. Mas foi a partir dos anos 90, que as transformações se tornaram mais significativas ainda. As inovações tecnológicas permitiram que muitas mulheres encontrassem no ambiente digital, espaço para iniciar e expandir os seus negócios.
Empreendedorismo feminino como força transformadora
Empreender vai além de simplesmente abrir e administrar um negócio. Cada mulher que escolhe essa jornada rompe barreiras ao enfrentar preconceitos e desafiar suas próprias expectativas limitantes. Conciliar as demandas pessoais com o compromisso de crescer seu negócio na busca pela independência financeira é uma tarefa árdua, mas profundamente transformadora.
A mulher que sonha em ter seu próprio negócio sabe que enfrentará um mercado competitivo, medos, e questionamentos constantes da família e amigos sobre suas escolhas. Contudo, para muitas, empreender representa uma saída frente às dificuldades do mercado de trabalho, onde são subestimadas, recebem salários inferiores e têm poucas oportunidades de avanço. Em resposta, elas constroem um novo caminho, no qual seus talentos e habilidades são finalmente valorizados e recompensados.
Essa busca vai além do sucesso individual: é uma afirmação de autonomia e resistência. A cada passo, essas mulheres desafiam normas e criam espaços onde a competência feminina é visível e respeitada.
Quebrando barreiras externas e internas
A jornada de uma empreendedora é marcada por constantes questionamentos internos. Ela questiona as suas próprias habilidades, pois ela cresceu em um mundo onde a liderança foi, por muito tempo, vista como atributo masculino. Há uma luta constante para reconhecer e acreditar em sua própria capacidade, especialmente quando o ambiente ao redor parece pronto para desencorajá-la.
Além disso, há o desafio do equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Para muitas mulheres, o papel de cuidadora ainda pesa, e a dedicação a longas horas de trabalho no próprio negócio costuma ser alvo de críticas. Sugerindo que ela estaria “deixando a família de lado” ou não oferecendo “atenção suficiente aos filhos”. Esse tipo de julgamento vem de todos os lados – sociedade, família e até de si mesma, criando um ciclo de culpa e ansiedade que pode minar sua confiança e motivação.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que as mulheres brasileiras dedicam, em média, 9,6 horas semanais a mais que os homens em atividades domésticas. Essa sobrecarga impacta diretamente seu desempenho profissional, pois limita o tempo e a energia que poderiam ser investidos em seus negócios.
Driblando os desafios do mercado:
O sistema foi feito por homens e para homens, por isso, é comum que as mulheres enfrentem barreiras de crédito e financiamento. Ocorre que o sistema financeiro, pode considerar os negócios liderados por mulheres como mais arriscados. Uma pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora, aponta que 42% das empreendedoras brasileiras que solicitaram crédito tiveram seus pedidos negados em 2023.
Outro ponto importante a se destacar, é o acesso a mentores e redes voltadas para lideranças femininas, um recurso fundamental para o desenvolvimento e crescimento de mulheres empreendedoras. Ao integrar redes de apoio, essas líderes têm a oportunidade de aprender com a experiência de outras mulheres que já enfrentaram e superaram desafios similares. Mentores oferecem orientação valiosa, ajudando a evitar erros comuns e a identificar oportunidades de crescimento e inovação.
Redes de apoio
Essas redes também são espaços de troca e colaboração, onde mulheres compartilham conhecimentos, habilidades e contatos, ampliando suas perspectivas e fortalecendo suas carreiras. Em muitos casos, esses grupos ajudam a desenvolver competências estratégicas, como a negociação e a tomada de decisões, além de aumentar a confiança para enfrentar ambientes predominantemente masculinos.
Outro benefício é o incentivo à criação de parcerias, permitindo que empreendedoras com objetivos similares unam forças para conquistar mercados, financiar projetos e alavancar seus negócios de forma coletiva.
Além disso, as redes de liderança feminina têm um papel importante na luta pela igualdade de gênero no mercado. Ao promover um ambiente de apoio e aprendizado mútuo, essas redes se tornam um meio de empoderamento que se estende para além do ambiente de trabalho, inspirando mulheres a ocuparem cada vez mais espaço no mundo empresarial.
Outro ponto a se observar, é que empresas lideradas por mulheres valorizam responsabilidade social, diversidade e sustentabilidade, criando negócios que vão além do lucro e geram benefícios para a comunidade e o meio ambiente. .
O que fazer para se manter e não desistir
O empreendedorismo feminino, é um ato de resiliência e empoderamento. Cada conquista não é apenas um passo rumo ao sucesso, mas uma vitória sobre estigmas, desconfiança e a invisibilidade que ainda tentam colocá-las à margem. Se as dificuldades surgirem — e elas surgirão — lembre-se de que seu propósito é mais forte.
Invista em capacitação contínua, seja em gestão financeira, marketing digital ou liderança, fortalecendo as bases do seu negócio. Use as redes sociais e a tecnologia a seu favor, conecte-se com outras vozes empreendedoras e busque apoio em redes de liderança feminina que possam orientar e impulsionar sua trajetória.
Com as ferramentas certas, metas bem definidas e um olhar voltado à inovação, você não só pode iniciar como também consolidar um negócio de sucesso. E, ao fazer isso, estará contribuindo para um ecossistema empresarial mais inclusivo e justo, onde outras mulheres encontrarão o caminho para seguir e prosperar.