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Saiba tudo sobre a dieta Cetogênica

Dieta Cetogênica, ou Keto, é uma estratégia alimentar que foca na cetose, um processo natural de queima de gordura para obter energia. Trata-se de uma dieta que reduz drasticamente o consumo de carboidratos, levando o corpo a buscar outras fontes de energia para suas funções. Normalmente, obtemos energia dos carboidratos, mas, ao restringi-los, forçamos o organismo a acessar as reservas de gordura, convertendo-as em corpos cetônicos que sustentam o funcionamento das células.

Esse método é classificado como hipocalórico e busca estimular a cetose, um estado metabólico que ocorre quando os níveis de glicose – nosso principal combustível – estão reduzidos. Ao optar pela cetose, o corpo se adapta ao uso da gordura como fonte de energia, resultando em uma maior queima de gordura.

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Adote a dieta cetogênica com orientação médica e acompanhamento de um nutricionista, após uma avaliação completa. A mudança principal envolve reduzir drasticamente os carboidratos, limitando-os entre 20 e 50 gramas diárias, em contraste com os 250 gramas recomendados para um adulto saudável.

Para compensar, aumente a ingestão de gorduras saudáveis, como as presentes no abacate, coco e azeite de oliva. As proteínas devem compor cerca de 20% da sua dieta diária. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere uma distribuição de 40% proteínas, 40% carboidratos e 20% gorduras, a dieta cetogênica inverte essa lógica: prioriza as gorduras, mantém as proteínas e limita drasticamente os carboidratos.

O corpo humano usa a glicose como principal combustível. Ao consumir um carboidrato simples, ele se converte em glicose. Ao interromper a ingestão de carboidratos, o organismo precisa buscar outra fonte de energia e passa a queimar os depósitos de gordura. Nos primeiros dias, o corpo entra em fase de adaptação, período no qual ele aprende a produzir energia a partir da gordura em vez de carboidratos. Esse processo de transição pode trazer cansaço e dores de cabeça, sintomas temporários que geralmente desaparecem assim que o organismo se ajusta totalmente à nova fonte de energia.

Qual o tempo recomendado?

Não se trata de uma reeducação alimentar, por tanto precisa de dia e hora pra começar e para terminar. No entanto não existe um número exato de dias, afinal de contas, cada pessoa tem necessidades e metabolismo diferentes. Mas para obter resultados e induzir à cetose, é preciso que o corpo realmente passe por uma escassez de carboidratos para então poder usar a gordura como fonte de energia. Por isso, em geral, a dieta tem duração mínima de duas semanas, podendo durar até seis meses, conforme a orientação profissional.

Para quem é indicada a dieta cetogênica?

A dieta é indicada como tratamento alternativo para diversas condições, mas é importante ter acompanhamento profissional e considerar as contraindicações.

  1. controla e evitar convulsões e crises de epilepsia: A dieta gera a produção dos corpos cetônicos, como acetoacetato, acetona e beta-hidroxibutirato,substâncias que podem chegar até o cérebro, tendo efeito anticonvulsivo. Assim, a dieta cetogênica poderia ajudar a diminuir de maneira importante a quantidade de convulsões em adultos e crianças com epilepsia que não respondem ao tratamento padrão, devendo sempre ser indicada sob orientação do neurologista.
  2. Ajuda a emagrecer :  ajuda a emagrecer por aumentar a saciedade, pois as gorduras e as proteínas desta dieta levam mais tempo para serem digeridas. Além disso, ocorre uma inibição do apetite causada pelo beta-hidroxibutirato e pela acetona, substâncias que aumentam no organismo deste tipo de dieta.
  3. Previne e trata a diabetes: A dieta também pode ajudar na prevenção e tratamento da diabetes tipo II controlada, porque melhora o perfil da glicose no sangue, a sensibilidade à insulina e os níveis de hemoglobina A no sangue. No entanto, pessoas que fazem uso de medicamentos para controlar a diabetes devem sempre conversar com o seu médico antes de iniciar essa dieta.
  4. Trata doenças neurodegenerativas : Também pode ajudar a tratar doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Isso acontece devido ao aumento da produção de corpos cetônicos durante essa dieta, que melhoram a eficiência energética do cérebro e aumentam a capacidade antioxidante do cérebro contra substâncias tóxicas, como os radicais livres.
  5. Ajuda no tratamento dos ovários policísticos : Alguns estudos mostraram que a dieta pode ajudar no tratamento da síndrome dos ovários policísticos, pois diminui o peso e ajuda a equilibrar os níveis hormonais e glicêmicos.
  6. Doenças raras: contribuiu no tratamento de doenças como a deficiência de GLUT-1, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares e distúrbios neurológicos.

 Cardápio da dieta cetogênica

Na dieta cetogênica, aproximadamente 60% a 80% das calorias vêm das gorduras, 20% das proteínas e 10% dos carboidratos. Esse equilíbrio exige um acompanhamento personalizado para que cada grupo alimentar seja ajustado às necessidades individuais, otimizando os benefícios e minimizando os riscos.

Existem diferentes abordagens dentro da dieta cetogênica, com variações nas proporções de gorduras em relação aos demais nutrientes. Nas versões clássicas, o cardápio é formulado por nutricionistas especializados e exige a pesagem cuidadosa dos alimentos para manter os níveis precisos de gorduras, proteínas e carboidratos durante o dia.

Apesar de ser uma dieta rica em gordura, é fundamental priorizar as gorduras saudáveis. Isso inclui fontes de gorduras mono e poliinsaturadas, como azeite, abacate, e castanhas, enquanto se evita o excesso de gorduras saturadas e trans presentes em alimentos como carnes gordas, margarinas e banha de porco. O consumo exagerado dessas gorduras “ruins” está associado a problemas de saúde como obesidade, hipertensão e diabetes, comprometendo o propósito da dieta.

Seguir uma dieta cetogênica sem orientação especializada pode ser arriscado, especialmente por conta das deficiências nutricionais que podem surgir. É fundamental evitar cardápios genéricos disponíveis na internet. Somente um profissional pode avaliar a necessidade de suplementação de vitaminas e minerais para evitar carências.

A cetogênica envolve também uma redução drástica de alimentos ricos em carboidratos. Essa mudança exige uma transformação nos hábitos alimentares, que pode ser ainda mais desafiadora para vegetarianos, dado que leguminosas e outros alimentos comuns em dietas vegetarianas não se encaixam no padrão cetogênico.

Alimentos que são liberados x alimentos proibidos

A dieta deve ser feita sob orientação de um nutricionista, para que seja calculada a quantidade diária de carboidratos, para evitar que a quantidade seja ultrapassada e prejudique a dieta. Além do mais, por se tratar de uma alimentação restritiva, o nutricionista também pode indicar, em alguns casos, o uso de suplementos de vitaminas e minerais.

Alimentos liberados:

  • Fontes de proteína como carnes, aves, ovos, queijos, peixes e outros frutos do mar;
  • Folhas verdes à vontade;
  • Frutas como morango, mirtilo, limão, coco, cereja, abacate;
  • Vegetais com pouco carboidratos como brócolis, repolho, couve-flor, pimentão, cebola;
  • Óleos e gorduras, como azeite, óleo de girassol, de uva, de coco e de abacate, podendo também incluir manteiga ou creme de leite;
  • Castanhas e sementes (chia, linhaça);  
  • Café, erva mate, chás; 
  • Embutidos, como presunto, linguiça e salame;
  • Oleaginosas, como amendoim, nozes, avelã, castanha-do-pará, amêndoas e manteiga de amendoim, de amêndoa ou de caju;
  • Sementes, como linhaça, chia, gergelim, girassol e azeitona;
  • bebidas naturais de coco, amêndoa ou avelã sem açúcar.
  • Temperos, como pimenta, orégano, curry e salsa;

Alimentos limitados:

  • Cereais,como milho, aveia, amido de milho, farinha de trigo, pão, torrada, bolachas, arroz e macarrão;
  • Leguminosas,como feijão, grão-de-bico, lentilha e soja;
  • Tubérculos e raízes,como batata, batata-doce, inhame e mandioca;
  • Alimentos com açúcar, como bolo, biscoito recheado, chocolate, balas, sorvete, tortas e pudim;
  • Açúcares simples, como o açúcar branco, mascavo ou demerara e mel;
  • Bebidas alcoólicas,como cerveja, vinho, gin, rum ou cidra.

As frutas, exceto as mencionadas acima, também não são recomendadas na dieta cetogênica, pois a maioria delas é rica em carboidratos. Também é aconselhável evitar o consumo de alimentos dietéticos com adoçantes, uma vez que estes podem afetar os níveis de acetonas produzidos por esta dieta. Ademais, para pessoas com histórico de pressão alta ou de colesterol elevado, por exemplo, deve-se evitar produtos como manteiga, creme de leite e embutidos.

Dieta cetogênica e câncer

O que os cientistas alegam é que a dieta cetogênica poderia ajudar no tratamento do câncer, pois pode impedir as células cancerígenas de usar a glicose, que é a sua principal fonte de energia, favorecendo a redução do tamanho do tumor. Porém, ainda são necessários estudos científicos em seres humanos, para avaliar se a dieta realmente é benéfica no tratamento do câncer. Uma vez que, todos os estudos sobre a dieta cetogênica e o câncer foram feitos em células e animais, com poucos estudos realizados com seres humanos.

Possíveis riscos da dieta cetogênica

A dieta cetogênica é restritiva e diminui o consumo não só de carboidratos, mas também de vegetais e frutas – fontes importantes de fibras, antioxidantes e outros nutrientes. Por isso, há o risco de constipação e de desnutrição (principalmente quanto a vitaminas e minerais).

Mais um ponto de atenção é a própria cetose. Se houver uma concentração muito alta de corpos cetônicos no organismo, pode haver risco de desenvolvimento de uma condição chamada cetoacidose, especialmente em pacientes com diabetes mellitus. Na cetoacidose, o sangue fica muito ácido, podendo, em casos mais graves, levar a morte. Os possíveis riscos da dieta cetogênica, no longo prazo, são:

  • Esteatose hepática;
  • Transtornos alimentares;
  • Pressão baixa;
  • Perda de massa muscular;
  • Pedras nos rins;
  • Doenças cardiovasculares;
  • Deficiências de vitaminas, minerais e fitonutrientes.

Além disso, sintomas como náusea, vômito, dor de cabeça, fadiga, alteração de humor, tontura, insônia, mal hálito, também podem surgir e durar alguns dias ou semanas.

Quem não deve fazer

A dieta cetogênica não é recomendada para idosos acima dos 65 anos, crianças e adolescentes, gestantes e lactantes. Também deve ser evitada por quem apresenta risco de cetoacidose, como diabéticos tipo 1, diabéticos tipo 2 descompensados e usuários de insulina. Ela é contraindicada para pessoas com histórico de doenças renais, hepáticas, problemas cardiovasculares, cálculos na vesícula, pancreatite e distúrbios no metabolismo de gorduras. Condições como baixo peso, anorexia, bulimia, uso de corticoides ou diuréticos, consumo de álcool e drogas, além de transtornos mentais e tratamento para câncer, também são restrições. Fatores genéticos, como deficiência de carnitina e porfiria, completam essa lista.

Mesmo que você não se enquadre nesses grupos, é indispensável consultar um profissional para entender se essa dieta realmente se adapta ao seu perfil e objetivos. Em caso de foco no emagrecimento, lembre-se de que dietas muito restritivas apresentam altos índices de desistência a médio e longo prazo. Pesquisas indicam que dietas com extrema limitação de calorias ou macronutrientes tendem a ser insustentáveis para a maioria das pessoas.

Por fim, muitos cardápios “cetogênicos” disponíveis na internet, na verdade, apenas reduzem carboidratos sem alcançar o efeito da dieta cetogênica real. Para que uma dieta seja segura e eficiente, ela deve ser personalizada, levando em conta seu peso, idade, IMC, condições clínicas e preferências. Apenas um especialista poderá avaliar de forma precisa os benefícios, riscos e segurança da dieta cetogênica no seu caso.

Conclusão

Como muitos dos alimentos restritos no cardápio da dieta cetogênica são promotores de saúde recomendados pelos principais conteúdos especializados em Nutrição, como as Diretrizes Dietéticas para Americanos e o Guia Alimentar da População Brasileira. É indispensável seguir as recomendações da dieta com a supervisão de um profissional da saúde. Pois, trata-se de uma dieta com carência de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo. Portanto o cuidado deve ser ainda maior, por se tratar de um modelo bastante restritivo. Assim, é essencial fazer uma avaliação nutricional completa e ter acesso a um cardápio personalizado de acordo com as suas individualidades, para que não haja nenhum dano à saúde.

 

Elane Lima

Publicitária, produtora de conteúdo, empreendedora

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